Preconceitos e Discriminações (8 e 9 ano) Parte 01

Olá, prof. Ed falando. Esse texto foi utilizado em algumas palestras e aulas que tenho ministrado nesse semestre. Voltada para os anos finais, abordam a formação histórica do Brasil e sua influência nos nossos preconceitos e discriminações que estão naturalizados em nossa sociedade. Conectando o contexto da invasão portuguesa, as aulas foram acompanhadas do primeiro episódio do documentário da netflix Guerras do brasil.doc, nesse episódio aborda as "guerras de conquistas" e os primeiros contatos dos povos que aqui habitavam e os invasores quase mortos e doentes. Vou colocar o material dividido em partes na durante esse dias. abrçs


PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA

O Brasil é um país que foi construído a partir da invasão europeia durante o século XV e XVI,nas chamadas expansão marítima europeia. Apesar de o país como conhecemos hoje ter iniciado a partir do processo de invasão portuguesa, essa terra já tinha dono e povos com pensamento bem diferentes do europeu. Esses povos no geral, possuíam uma cultura, segundo Ailton Krenak, de integração da diferença, ou seja, apesar dos  conflitos e guerras, as trocas entre esses grupos era possibilidade de aprendizado com os outros povos que mantinham contato.Uma prática comum até hoje de algumas igrejas neopentecostais (Universal, Mundial etc. que acusam todas as outras religiões principalmente aqueles de herança indígena e africana de cultuarem o demônio).



A história do Brasil e da América após invasão europeia, foi construída basicamente com trabalho escravo, aonde tivemos, nativos indígenas escravizados, e posteriormente a vinda de africanos  escravizados para trabalho nas lavouras e produção de cana de açúcar. Claro que, o mesmo processo
que aconteceu aqui aonde hoje é o Brasil, na África, não foi diferente. Inclusive muitos países africanos, só se tornaram independentes na metade do século XX, ou seja, muito recente que deixaram de ser explorados diretamente por países europeus. Esses africanos são trazidos para cá e também são colocados na condição de
O europeu que chega ao Brasil, trás uma visão de exploração de recursos e povos através da escravidão para trabalho forçado dentro da produção comercial. E, também, ideias que formam a sua vida como pessoa. A religiosidade que traz é a cristã Católica Romana, ou seja, baseada nas doutrinas e práticas católicas, que utiliza a Bíblia, como livro sagrado, dividido em velho testamento, registrando a história do povo Judeu (Hebreu) assim como suas visões sobre os outros povos (egípcios, babilônicos etc.). E o novo testamento que seria o registro da vida de Jesus de Nazaré, a partir da ótica dos discípulos desse importante profeta judeu. A igreja católica romana trás principalmente a ideia de catequização, ou seja, cristianizar, os povos que iam encontrando no caminho, como parte da dominação cultural e uma suposta “salvação” e claro, expandir o poder da Igreja.  Mesmo na Europa esse processo de catequizar e condenar os outros grupos que tinham outros deuses/deusas e religiosidades também aconteceu de forma violenta. Na ideia dos europeus era de que o ser humano era dotado de uma alma, sendo essa, a responsável por dar uma característica de ter humanidade, ou seja, não ser um animal selvagem. Essa visão surge vem da herança do pensamento egípcio-grego-romano, principalmente baseado nos registros de Platão que teve suas ideias transformadas pelos chamados filósofos da Igreja Católica (Tomás de Aquino e Santo Agostinho os mais conhecidos).

Saindo da sua Idade Média europeia, aonde a igreja católica, era quem determinava as coisas, as
regras, o pensamento, o modo de viver, como rezar, o que era Deus, e o Papa era o representante de
Jesus na Terra, o europeu em contato com conhecimento de outros povos, principalmente os árabes
que dominaram o território aonde hoje é Espanha e Portugal, por quase 800 anos, deixando muito
avanço em diversos aspectos da cultura desses lugares. Foi na Itália que surge uma ideia chamada de
Antropocentrismo, que coloca o “homem” (notem que eu disse o homem e não a mulher, voltaremos
depois a isso) ao invés de Deus, o divino e o sagrado como o centro de todo o pensamento. Ou seja,mulheres, mesmo as europeias são consideradas cidadãs de segunda classe, essa posição muitas
vezes foi justificada com a temática de Adão e Eva, sendo Eva culpada por Adão comer o fruto
proibido, segundo a gênesis bíblica.
Nessa configuração, aqueles que não são europeus e se recusarem a cooperar e mostrarem um comportamento diferente será tratado como selvagem, incivilizado, bárbaro. E isso vai ser justificado, por exemplo, através de um julgamento conhecido como O julgamento de Valladolid, aonde um tribunal igreja decide que os nativos das terras recém invadidas pelos europeus, não possuíam alma, portanto, poderiam ser escravizados para serem catequizados, serem salvos, e que seus deuses e deusas eram demônios. ESCRAVIZADOS, e logo são considerados menos que seres humanos, ou seja, besta animalizadas, que cultuam o demônio em suas religiões, e que precisavam ser salvos. O que todas essas ideias criam é um país com forte presença de ascendentes de indígenas e africanos, aqui chamado de negros, e que vão sofrer e reproduzir ideias e práticas que os europeus estabeleceram e ordenaram dentro de espaço como igrejas, universidades e escolas. 

QUEM NUNCA TEVE UMA AULA MOSTRANDO A CULTURA EUROPEIA COMO SUPERIOR E CRIATIVA E QUASE NADA DE QUEM SÃO E QUAIS SÃO OS POVOS INDÍGENAS?

QUEM SABE A ORIGEM EUROPEIA DE SEU NOME E SOBRENOME? MAS SABE DE QUEM FORAM SEUS ANTEPASSADOS NATIVOS-INDÍGENAS? OU NEGRO-AFRICANOS?
 


Isso tudo faz parte do projeto de colonização, aonde exalta-se o colonizador (invasor) e sua cultura e pouco se fala sobre os colonizados, no nosso caso, os povos Nativos (Indígenas) e africanos raptados para cá. Daí desvalorizarmos boa parte da nossa cultura, exaltando um padrão de beleza e cultura que pouco tem a ver com a maioria da população e sim com uma elite que exalta sua origem branco-europeia.

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