Espiritualidade e Religiosidade Quéchua (INCA)
A COSMOVISÃO DA CIVILIZAÇÃO INCA.
HISTÓRIA
Os Incas foram um dos grandes povos que reinaram na América. Compunham, principalmente as etnias QUÉCHUAS, AYMARÁ, YUNKA. Sendo os Quéchuas, o principal grupo do famoso Império Inca. Esse império chegou a habitar a região hoje ocupada pelo Equador, Peru, norte do Chile, Oeste da Bolívia e noroeste da Argentina. Mais de dez milhões de cidadãos haviam se fundido nesta unidade política e cultural que era de elevado nível. Quanto a organização social e política, eram possuidores de espírito comunitários.
MITO DE ORIGEM
Segundo os incas, o ser supremo
do mundo era Viracocha.
Ele criou os homens a partir do barro e os colocou em cavernas, de
onde eles saíram para o mundo exterior. Ele também criou o sol, a lua e as estrelas a
partir do lago Titicaca.
Os próprios incas contavam uma
história suas origens (mito de origem, conta a origem do universo e todos os
seres) e que era transmitida de forma oral (tradição oral) ou através de
gravuras nas cerâmicas, nas paredes dos templos e nas peças de ouro: O mito de
MANCO CAPAC e MAMA OCLLO.
MANCO CAPAC e MAMA OCLLO.
Os habitantes do lado norte do lago Titicaca (titi que dizer felino,
e kaka quer dizer lago, ou seja, lago dos pumas) viviam como sem rumo. INTI, o
sol, e MAMA KILLA, a lua resolveram que iriam ajudar e ensinar tudo o que esse
povo que morava ao redor do lago Titicaca deveria saber sobre a terra. Assim,
ele enviou o casal MANCO CAPAC e MAMA OCLLO. Eles surgiram da espuma do lago
TITICACA, carregaram um centro de ouro e caminharam sendo
seguidos por uma multidão até encontrarem
um lugar com terra fértil, aos pés do morro HUANACAURI, no rio HUATANAY e lá
enfiaram o cedro de ouro todo no chão e assim iniciaram a construção da cidade
de Cuzco, conhecida como Umbigo do mundo. E o casal Manco Capac e Mama Oclla,
ensinou o povo: plantio, colheita, e como cozinhar os alimentos, a construção
de casas etc.
RELIGIOSIDADE e ESPIRITUALIDADE INCA
A religiosidade dos incas era
marcada pela adoração de vários elementos da natureza, como o sol, a lua, o
raio e a terra. Os deuses eram chamados de HUACAS.
VIRACOCHA (Wiracocha ou Huiracocha
ou Apu Kun Tiqsi Wiraqutra) segundo os incas era huaca
criadora de tudo. O culto a VIRACOCHA era algo abstrato e o intelectual,
e era destinado apenas à nobreza. VIRACOCHA teria construído tudo o que
é visível e invisível e organizado o universo em três
mundo que se relacionavam: HANAN PACHA, o mundo superior
aonde viviam os HUACAS e todas estrelas; KAY PACHA, que
era o mundo aonde vivemos e UCHU PACHA, que seria o mundo
subterrâneo, aonde vivem os mallquis que são as sementes, os ancestrais
enterrados para que na terra nasçam os homens novos. Ao criar o mundo, KAY PACHA, Viracocha
esqueceu de criar a luz e TiTi era o jaguar flamejante que caminhava pelo
mundo e vive no alto do mundo, sendo esse um animal muito importante para esse
povo.
Esses mundos seriam ligados através de YACUMAMA é o poder
das águas e da fecundidade. No mundo de acima é o raio, no mundo terreno é o
rio, e no subterrâneo é a serpente e SACHAMAMA é o poder da
fertilidade, que no mundo de acima é o arco-íris, aqui no terrestre é a árvore,
e no subterrâneo é a serpente de duas cabeças, uma em cada extremidade.
O sol era chamado de INTI – e representada o ser masculino e o rei um
descendente direto de INTI. Acreditavam que ele enviava mensagens mentais
através da folha da coca, considerada sagrada para esse povo. Acreditavam que a
chuva era um deus chamado ILYAP’A. Existiam sacerdotes e sacerdotisas
que dedicavam suas vidas à adoração dos deuses. Além dos sacerdotes, existiam
pessoas que viviam como curandeiras, realizando sacrifícios. Um grupo de
sacerdotisas mais conhecidas eram as Acllas, mulheres que viviam em voto
de castidade em adoração a Inti.
MAMA KILLA
Mama
Kilya tem fogo, sol, ciclos, primavera, tempo, adivinhação, saúde e
prosperidade. Seus símbolos são fogo e itens
dourados / amarelos. Na tradição inca, Mama Kilya
regula o calendário do festival e todos os assuntos do tempo. Ela também é uma deusa profética, frequentemente alertando
sobre perigos iminentes através de eclipses. Quando
isso ocorre, deve-se fazer tanto ruído quanto possível para afastar as más influências.
Segundo a tradição inca, deve-se levantar bem cedo para pegar os primeiros. Ela
era imaginada como um disco de prata com o rosto de uma mulher. foi honrada em
rituais regulares e fixos no calendário, especialmente realizados durante
eclipses, quando uma onça sobrenatural tentava devorá-la. Ela era importante para calcular a passagem do tempo e do
calendário, porque muitos rituais eram baseados no calendário lunar e ajustados
para combinar com o ano solar. Ela também supervisionou o casamento, os ciclos
menstruais das mulheres e foi considerada a protetora das mulheres.
HOUCAS (DEUSES E DEUSAS ) DA
CIVILIZAÇÃO INCA
|
|
Houcas (deuses)
|
Domínio e Funções elemento da
natureza
|
Cuichu
|
Houcá do Arco-iris
|
Illapu
|
Houcá do Clima
|
Inti
|
Houcá sol
|
Mama Kilya
|
Mãe Lua
|
Mama
Qoca
|
Mãe Mar
|
Paca Mama (Pachamama)
|
Mãe Terra
|
wirachocha
|
Houcá maior
|
AS OFERENDAS
Os incas
cultuavam os elementos da natureza possuindo uma ligação muito grande com o
lugar, os elementos da natureza eram considerados e importantes assim como
animais e plantas. Tudo o que fosse tirado da natureza deveria ser parte
devolvido à Pachamama, em gratidão pelo o que conseguiram.
As
oferendas à Mãe Terra ou Pachamama decorrem do império Inca e é praticado hoje
especialmente em comunidades andinas. É uma oferta simbólica que o homem
retorna à Terra (Pachamama), o que tomou dela. O objetivo principal é a
gratidão e reciprocidade entre homem e natureza. Com este homem andino
oferecendo pede a Terra (Pachamama), permissão para abrir e devolvê-lo algumas
de suas frutas. Esses rituais também são destinados para o Apus (espírito das
montanhas sagradas) O Apu simboliza o masculino, enquanto a natureza e
Pachamama simbolizam a feminino. Na cosmovisão Inca, a oferta é um ato de
reciprocidade, é a realização da justiça universal e cósmica que ajuda o
equilíbrio natural.
RITUAIS
FUNERÁRIOS
Os incas acreditavam na reencarnação. Aqueles
que obedeciam à regra, AMA SUA, AMA
LLULLA, AMA CHELLA (não roube, não minta e não seja preguiçoso), quando morressem iriam viver ao calor do sol enquanto os desobedientes passariam os dias eternamente na terra fria.
LLULLA, AMA CHELLA (não roube, não minta e não seja preguiçoso), quando morressem iriam viver ao calor do sol enquanto os desobedientes passariam os dias eternamente na terra fria.
Os incas
também praticavam o processo especialmente nas pessoas falecidas mais importantes.
Junto às múmias era enterrado uma grande quantidade de objetos do gosto ou
utilidade do morto. De suas sepulturas, acreditavam, as múmias mallqui
poderiam conversar com ancestrais ou outros espíritos huacas daquela região. As
múmias, por vezes eram chamadas a testemunhar fatos importantes e presidir a
vários rituais e celebrações. Normalmente o defunto era enterrado em posição
fetal.
LUGARES SAGRADOS
Os locais sagrados eram também chamados houcas, esses locais possuíam
geralmente um templo dedicado aos seus HOUCAS. As mais conhecidas são Huaca del
Dragón (La Libertad), Huaca Pucllana (Lima), Huaca Malena (Lima), Huaca de la
Luna (La Libertad) ,Huaca Prieta e Huaca Rajada
FESTIVAIS SAGRADOS
Os incas tinham um calendário de
trinta dias, no qual cada mês tinha o seu próprio festival. Os meses e
celebrações do calendário são os seguintes:
Mês Gregoriano
|
Mês Inca
|
Tradução
|
Janeiro
|
Huchuy
Pacoy
|
Pequena
colheita
|
Fevereiro
|
Hatun
Pocoy
|
Grande
colheita
|
Março
|
Pawqar
Waraq
|
Ramo de
flores
|
Abril
|
Ayriwa
|
Dança
do milho jovem
|
Maio
|
Aymuray
|
Canção
da colheita
|
Junho
|
Inti
Raymi
|
Festival
do Sol
|
Julho
|
Anta
Situwa
|
Purificação
terrena
|
Agosto
|
Qapaq
Situwa
|
Sacrifício
de purificação geral
|
Setembro
|
Qaya
Raymi
|
Festival
da rainha
|
Outubro
|
Uma
Raymi
|
Festival
da água
|
Novembro
|
Ayamarqa
|
Procissão
dos mortos
|
Dezembro
|
Qapaq
Raymi
|
Festival
magnífico
|
A TRINDADE INCA (O CONDOR, A
SERPENTE E O PUMA)
Para os Incas,
existiam 3 níveis espirituais: o mundo de cima, conhecido como Hananpacha
(o mundo dos espíritos), o mundo do meio, conhecido como Kaypacha (o
mundo dos homens) e o mundo de baixo, conhecido como Ukupacha
(o mundo dos mortos).
Os Incas associavam esses mundos com três animais pelo Condor, Puma e Serpente, e cada um destes animais trabalhavam como guardiões dos mundos.
Condor (que representava a paz e é o mensageiro que carrega os espíritos mortos desta vida para a outra vida) era o guardião do mundo de cima;
a.
A proposta da "Visão do Condor" é de
nos enviar ao mundo do meio como um Puma, percorrendo a Mãe-Terra (Pachamama)
como seres conscientes e corajosos, se alimentando de nossas sombras como a Serpente,
a guardiã do mundo de baixo, para
só então, levantarmos o "voo sagrado do condor",
ampliando assim nossa visão acerca dos 3 mundos.
Serpente (representava a inteligência humana) era guardião do mundo de baixo.
a. A cobra de acordo com alguns estudiosos, é a representação do infinito para os Incas. Na maioria dos casos, simboliza o mundo abaixo do Ukhu Pacha, o mundo dos mortos
Puma (representava a força e o espírito de cada pessoa) era guardião do mundo do meio
a.
O PUMA
simboliza a sabedoria, a força, a inteligência. Ele simbolizava o governo, por
isso, provavelmente, a construção e o planejamento da cidade de Qosqo (Cusco)
tenha tido a forma de um puma
Referencias
Trailer do filme que pode ser usado após a aula expositiva. Vale a pena, procurei deixar o texto com informações que praticamente explicam as cenas do filme deixarei o trailer aqui embaixo, é uma película da Netflix. Boa sorte. Atualizarei com slide e esse material em PDF para download.
Comentários
Postar um comentário